Seleções paralímpicas investem em treinos coletivos virtuais para amenizar os impactos da pandemia
Especialistas do Comitê Paralímpico Brasileiro e atletas do vôlei sentado destacam a importância do trabalho virtual no período em que as equipes ainda não podem se reunir
Os atletas brasileiros precisaram readaptar as rotinas de treino durante o isolamento social devido à pandemia do Covid-19. Para as Seleções Brasileiras paralímpicas de modalidades coletivas, como futebol de 5 e vôlei sentado feminino, não foi diferente. As duas equipes estão classificadas para os Jogos Paralímpicos de Tóquio no ano que vem e seguem a sua preparação de forma virtual desde março.
Ambas as equipes utilizavam as estruturas do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, para as fases de treinos programadas ao longo do ano. Com o fechamento do CT em março e a implementação do isolamento social em várias cidades do país, os atletas tiveram seus treinos suspensos.
“Nas primeiras semanas, nós fizemos inúmeras palestras para que elas pudessem entender a relação da mulher, enquanto atleta, com o treinamento. Tivemos psicólogas, médica nutróloga e vários profissionais que trabalham com esporte de uma forma multidisciplinar para temas diferentes. Depois, nós entramos na segunda fase, que foi a parte do treinamento mental com o auxílio da Cris, psicóloga do CPB. Nós elaboramos todo um treinamento mental. A gente passava as atividades práticas através de vídeos e elas faziam em casa durante a semana. Agora, estamos desenvolvendo um treino cognitivo”, conta José Antônio Guedes, técnico da Seleção Brasileira feminina de vôlei sentado.
“Os treinos virtuais têm sido importantes para mim, para poder manter o contato com as meninas e fazer atividades juntas como a gente costuma fazer”, diz a jogadora Nathalie Filomena, medalhista de bronze nos Jogos Rio 2016.
Já a goiana Adria Jesus, também medalhista nos Jogos Rio 2016, ressaltou que os treinos virtuais trouxeram uma dinâmica diferente para os treinos em casa. “Eu tentei manter meu treino, comprei umas anilhas, elásticos. O treino cognitivo acaba sendo mais um treino para tirar aquele treino monótono. Em casa, você faz aquele toque na parede, somente.”
A Seleção Brasileira feminina foi vice-campeã nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 e conquistou a vaga para os Jogos de Tóquio.
Já no futebol de 5, os atletas se reúnem virtualmente mensalmente e os treinos foram adaptados para a condição caseira de cada um. “No fim de março, o preparador físico e eu adaptamos os treinos para dentro de casa. Acompanhamos os atletas individualmente através de fotos e vídeos. Ajustamos as fichas de treinos de acordo com o que o atleta tinha em casa. Os treinos são de manutenção articular e muscular. A nutricionista também os acompanha para que a gente consiga manter a composição corporal desses atletas e a gente ajusta os treinos de acordo com isso também, para que eles não engordem”, explica Alexandre Sergio, fisiologista da Seleção Brasileira de futebol de 5.
Este trabalho é desenvolvido com a Seleção principal e sub-23 da modalidade. A equipe brasileira está classificada para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, no ano que vem, desde 2018, quando a equipe conquistou o título no Campeonato Mundial da Espanha.
Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro