Recuperado de cirurgia, Augusto Dutra planeja a caminhada até Tóquio no ano que vem no salto com vara
Atleta comemorou o adiamento das Olimpíadas no Japão para 2021 porque sua preparação estava atrasada devido a uma lesão no dedo causada ao reagir a um assalto em São Paulo
Se algum atleta teve motivos para comemorar de forma enfática o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 para 2021, este é o paulista Augusto Dutra da Silva de Oliveira, atleta do Pinheiros, campeão brasileiro e sul-americano e medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 no salto com vara.
Aos 29 anos, o atleta, nascido em Marília, nem 16 de julho de 1990, passou uma cirurgia para a correção da ruptura de um tendão da falange distal do dedo anelar direito na semana entre o Natal e o Ano Novo de 2019. Augusto precisou ficar mais um mês sem treinar com vara. Além de perder a temporada indoor, acabou atrasando toda a sua preparação olímpica.
Ele machucou o dedo ao resistir a um assalto no centro de São Paulo. Ele tentou conter o garoto que queria levar seu celular e acabou machucando o dedo ao segurar a blusa do assaltante. “Foi no reflexo, não pensei”, lembra Augusto, que chegou a correr atrás do ladrão, mas foi atrapalhado por outros meninos na Baixada do Glicério.
“Não estaria 100% em Tóquio. Agora terei muito mais tempo para me preparar para chegar à final olímpica e, quem sabe, brigar pelas primeiras colocações”, comenta o atleta, que terminou a temporada do ano passado em 12º lugar no Ranking Olímpico Mundial da World Athletics (ex-IAAF), com os 5,80m, obtidos na Liga Diamante, em Paris.
Qualificado para os Jogos de Tóquio, desde 24 de agosto de 2019, quando ficou com a medalha de prata no Meeting de Paris, na França, com 5,8 m, ele, agora recuperado da cirurgia, só pensa no futuro. “Torço para passar logo essa pandemia e as restrições impostas pela contaminação da doença para voltar a treinar com vara”, diz.
Augusto mora agora em Bragança Paulista, num lugar “bem calmo”, segundo ele, e aproveita a quarentena para dar uma “arrumada” na nova casa, além de treinar diariamente. Conseguiu alguns equipamentos numa pequena academia, como pesos e colchonetes, seguindo as orientações passadas pela internet pelo técnico Henrique Camargo Martins. “Faço também corridas perto de casa, que é uma área bem tranquila.”
A temporada de 2019 foi muito boa para Augusto. Ele ganhou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima, com 5,71m. Foi campeão sul-americano, também em Lima, com 5,61m, e do Troféu Brasil Caixa, em Bragança Paulista, com 5,51m. No Mundial de Doha, no Catar, foi finalista, terminando em 10º lugar, com 5,71m. Saltou ao todo seis vezes acima dos 5,70m.
“Ele está na segunda semana introdutória, que chamamos de base. Está fazendo tudo o que é possível sem os movimentos de vara. Faz peso, argolas e corridas na praça. Está cuidando dos exercícios de potência e resistência”, detalha o treinador Henrique Martins. “Estamos imaginando que ele volte a competir em setembro ou outubro. Ele retomou a preparação e até dezembro, quando as competições voltam a contar pontos para o Ranking e valer índices para a Olimpíada, estará bem”, afirma o técnico.
Da Confederação Brasileira de Atletismo