Aos 44 anos, Serginho, maior líbero da história, anuncia aposentadoria
Atleta encerra a carreira com um currículo recheado de triunfos, como o bicampeonato olímpico e mundial, e as proezas de ter sido o MPV do Rio 2016 e da Liga Mundial de 2009
A noite de sábado (16.05) pegou os fãs e admiradores do voleibol de surpresa com a notícia da aposentadoria de um dos atletas mais vitoriosos da história do esporte nacional. E foi sentida, particularmente, por aqueles que gostam de vôlei e que aprenderam a admirar Sérgio Dutra dos Santos, o Serginho, 44 anos.
Considerado o maior líbero da história do voleibol e um dos jogadores mais respeitados do mundo, foi o próprio Serginho quem deu a notícia de sua aposentadoria. Através de um post nas mídias sociais, o bicampeão olímpico avisou que iria deixar o esporte. Com isso, chegou ao fim uma carreira marcada por imenso sucesso e que deu muitas alegrias ao Brasil.
Serginho disputou quatro finais olímpicas seguidas com a Seleção Brasileira. Estreou nos Jogos Olímpicos com o ouro em Atenas 2004, ficou com a prata nas edições de Pequim 2008 e Londres 2012, e fechou sua participação no maior evento esportivo do planeta em altíssimo estilo, com o ouro no Rio 2016, quando foi eleito o MVP dos Jogos, ou seja, o jogador de vôlei mais valioso das Olimpíadas, fato raríssimo para um líbero em qualquer campeonato e inédito na história olímpica.
Aquela partida histórica contra a Itália, vencida pelo Brasil por 3 x 0 no Maracanãzinho, marcou a despedida de Serginho da Seleção Brasileira, mas não determinou o fim da carreira do líbero nas quadras, já que ele seguiu disputando a Superliga até se aposentar pelo Pacaembu/Ribeirão Preto (SP).
“Depois do Rio, eu pensei que precisava parar, encontrar uma forma de parar, e, desde 2016, as pessoas não deixavam. Sempre tive um desafio diferente, novo, para cumprir e sempre fui um cara que aceitou todos os desafios”, contou Serginho.
Respeito e admiração
O currículo de Serginho é gigantesco. Além das quatro finais olímpicas, foi bicampeão mundial (2002 Buenos Aires e 2006 Tóquio), tricampeão da Copa do Mundo (2003, 2007 e 2011), nove vezes campeão da Liga Mundial, sendo inclusive MPV da competição em 2009. Também tem títulos nos Jogos Pan-Americano, Sul-Americano e Superliga. Sua técnica, garra e liderança o tornaram um jogador admirado pelos fãs e respeitadíssimo pelos colegas e rivais, sejam ele do Brasil ou do exterior.
Serginho nasceu no Paraná e se mudou com a família ainda criança para São Paulo, onde se tornou um dos representantes mais importantes de Pirituba, na zona norte da cidade. O vôlei foi a opção para enfrentar as dificuldades da vida e salvou o jovem Serginho de situações de risco onde caíram muitos de seus amigos na época.
O vôlei tornou Serginho um atleta profissional, proporcionou que o jogador conhecesse o mundo, aprendesse sobre novas culturas, fizesse muitos amigos, formasse uma família feliz e se tornasse, ao longo dos anos, a principal referência na posição de líbero. Muito trabalho e dedicação todos os dias na quadra, aliado ao talento e méritos próprios fizeram com que Serginho se tornasse o maior em sua posição.
“Chegou o momento. Quem viu o Serginho, quem viu a Seleção Brasileira com o Serginho, viu. Agora é só por vídeo”, disse, ao comentar sua aposentadoria.
A pandemia da COVID-19 acelerou o fim da carreira de Serginho. Seu último jogo foi emocionante e marcado por um triunfo, já que, em 7 de março, o Pacaembu/Ribeirão Preto venceu, de virada, o Fiat/Minas (MG), por 3 sets a 2, em partida válida pela Superliga.
Além de homenagens de muitos atletas do vôlei, que jogaram ao seu lado e mesmo dos que nunca tiveram essa chance, Serginho recebeu o agradecimento do presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca. “Serginho é um ídolo da nossa modalidade e o voleibol brasileiro agradece por tudo que ele fez e segue representando para o nosso esporte”, disse o dirigente.
Satisfeito com tudo que viveu nas quadras, Serginho espera propagar seus conhecimentos. “Voleibol é o que eu sei fazer e quero passar isso adiante. Não quero morrer com tudo que aprendi. Hoje posso parar, posso encerrar a carreira, relembrar de tudo e saber que valeu a pena. Meu choro é de felicidade. A partir de agora, quem quiser lembrar de mim, jogue voleibol. Só isso”.
Fonte: Confederação Brasileira de Vôlei